Vivemos vidas tão extraordinariamente apáticas. Vidas simples, ordinárias, cheias de surpresas e felicidades que gostaríamos de suspender para que pudéssemos provas seus sabores indefinidamente.
Urge em mim o desejo de mudança. Urge em nós.
É um roncar do cérebro e da alma pedindo por novidades. Que vão. Estamos sempre desejosos de novas felicidades, que por acaso eram as mesmas de antes e nem notamos. E a fome cresce, o controle diminui. Se torna uma droga. Droga de mudança! Droga de desejo! É a enfermidade da efemeridade.
Ontem, ontem, ontem, novo, novo, novo. Até esse texto é velho, agora, já escrito.
Levamos a vida na esperança de uma felicidade que nos complete as horas, os anos… mas as horas se vão e ficamos, esperando, famintos. Felicidade não é refeição, é junk food. É o alimentar-se por prazer sem pensar nas consequências, com uma esperança, ainda que muito vaga e débil, de que não sentiremos fome por muito tempo. Mas sentimos, sabemos disso. E continuamos a felicitar junk food.
E não dá pra sobreviver de McDonald’s toda hora, assim como não é possível ser feliz a todo momento. É pela tristeza que existe a alegria. A melancolia da vida nos faz captar a noção/sensação súbita de felicidade. A saciedade que vem e vai, tão logo você tenha notado.
– Fui feliz – você se dá conta. – Quero mais.
E mais uma vez segue-se em busca de uma eterna refeição que nunca estará, de fato, pronta, em uma vida que é ordinariamente, ora feliz…. ora não.
Por um segundo mais feliz
Published 11/07/2010 literatura 1 CommentTags:apatia, conceito, felicidade
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E não dá pra sobreviver de McDonald’s toda hora, assim como não é possível ser feliz a todo momento.
Adorei essa frase, realmente p refletir, as vzs ficamos tristes pq queremos ser felizes sempre e nao é bem assim que a banda toca, nós frustramos com isso, por isso adorei a frase…