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Os Psicopatas leves

Tava surfando pela net… fazendo minhas leituras constantes e diárias quando li o texto que lhes apresento logo abaixo. Achei um bocado interessante… e não sabia que realmente existisse algo patológico assim!! Leiam com atenção a prestem atenção se não conhecem alguém assim! hehehehe

Quem não conhece um “leve” psicopata? Depois de ter lido o livro “Mentes Perigosas”, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, você vai ver que conhece, e muitos!

Eles são narcisistas, egocêntricos. Pensam muito e sentem pouco. Tomam decisões a partir de como podem ser beneficiados com prazer, auto-satisfação, poder, status e diversão.
Além de terem o prazer no “errado”, isto é, de nadar contra a corrente, facilmente se ofendem e tornam-se violentos, pois não suportam contrariedades. São sempre vítimas.

Intolerantes ao tédio ou a situações rotineiras, os psicopatas buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente de alta excitação. Por isso, evitam atividades que demandam grande concentração por longos períodos. Compromissos e obrigações nada significam para eles.

Naturalmente, pessoas assim não são confiáveis. Eles mentem, manipulam e chantageiam sem a menor dificuldade. Inteligentes, manipuladores, especializados no assédio psicológico, sabem convencer os outros. Eles conhecem as fraquezas alheias, apesar de não serem capazes de sentir o que os outros sentem.

Um dado importante: todo psicopata, de grau mais leve ou mais alto, tem consciência de seus atos, mas não sente a dor que causa nos outros, porque simplesmente seu cérebro não funciona assim.

Vamos compreender isso melhor. A grande maioria dos seres humanos é formada de empáticos: o sofrimento alheio provoca dor neles mesmos, o que os leva a tentar ajudar seus semelhantes. Ajudar o outro é uma forma de aliviar a dor que este lhes causa. Desta forma, nosso cérebro nos leva a ter comportamentos que garantem a harmonia social.

De modo simples e didático, podemos resumir nosso cérebro em duas importantes áreas: o sistema límbico (a sede das emoções) e o lobo frontal (sede do raciocínio).

Uma pessoa empática é capaz de ter ações compassivas e socialmente adequadas pois, como seu sistema límbico é ativado por emoções básicas, como raiva e medo, ele envia sinais para o lobo frontal onde são ativadas as áreas responsáveis pelos aspectos cognitivos – frios e racionais, assim como o julgamento moral.

Estudos comprovam que 4% da população mundial sofre de um déficit nos circuitos do sistema límbico, que deixa de transmitir, de forma correta, as informações para que o lobo frontal possa desencadear comportamentos adequados.
Ou seja, chegam menos informações do sistema afetivo para o centro executivo do cérebro. Assim, o lobo frontal, sem dados emocionais, prepara um comportamento lógico e racional, mas desprovido de afeto. Por isso, eles têm consciência de seus atos, mas não sentem a dor que causam nos outros!

Desta forma, os psicopatas não sentem medo nem ansiedade: parecem imunes ao estresse. Permanecem calmos em situações que fariam muitas outras pessoas entrar em pânico. São indiferentes à ameaça de punição. Eles têm até dificuldade de reconhecer medo e tristeza nos rostos e nas vozes das pessoas.

Uma vez que admitimos que uma pessoa é assim, biologicamente incapaz de se responsabilizar por suas ações, ficamos atônitos. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, estas pessoas nascem assim e irão morrer assim. Então, desista de querer mudá-los!
Mas, como lidar com eles?
Como sentir compaixão por estas pessoas capazes de ferir e destruir a vida de tantas outras pessoas?

Tenho pensado bastante sobre isso. Em primeiro lugar, creio que seja importante admitirmos que certas pessoas são mesmo assim. Não precisamos rotulá-las de psicopatas, associando-as com pessoas criminosas e intencionalmente agressivas. Apenas reconhecer que certas pessoas são mesmo um pouco assim.

Um pouco é um dado relevante. Reconhecer este pouco já vai nos ajudar muito! Pois passaremos a investir nos relacionamentos com uma moeda de troca mais real e coerente.

Por exemplo, quando alguém nos mantém refém de suas promessas. Parece que o melhor está sempre por vir e que cabe a nós, tão somente a nós mesmos, saber conter nossa ansiedade, nos responsabilizarmos pelos danos da espera e “confiar neles”.

Como pessoas empáticas, não somos impulsivos. Mas, quando as promessas revelam-se mecanismos de controle para manter a situação vigente, devemos abrir os olhos!
Nestes casos, segue aqui um conselho: não confunda o que uma pessoa diz ter para oferecer, com ela mesma. Sua capacidade de realizar o que diz não é real!

Portanto, a primeira coisa a fazer é ajustar a intenção com que as promessas são reveladas, com a realidade concreta dos fatos. Uma vez recuperada a lucidez de nossa real situação, temos que nos preparar para olhá-la sob uma nova perspectiva. Como diz o velho ditado: “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.

Pare e reflita. Você está sendo refém de alguma promessa manipuladora? Caso a resposta seja sim, calma.
Mesmo consciente de sua limitação, será preciso ir aos poucos. Procure ajuda daqueles que souberam reconhecer e superar relacionamentos semelhantes. Uma vez livres de tal jogo sedutor, poderemos ter compaixão por eles. Mas, antes disto, é preciso nos curar.

Lembre-se, eles não mudam e não será você que irá provar o quanto é boa e capaz ao tentar mudá-los!

Bel Cesar é terapeuta.

Perigos do amor romântico por Regina Navarro Lins

Gostaria de compartilhar com vocês um texto que li hoje no jornal O Dia. Gosto muito de ler os texto da Regina, embora não concorde com todas as suas visões… ela prega um amor mais livre, até mesmo por mais de uma pessoa e tudo mais… tá… é perfeito em teoria, mas para mim não cabe na prática… ainda sou velho e romântico =P

De qualquer forma, aí segue o texto:

Certa vez, uma amiga me descreveu seu namorado como inteligente, culto, gentil, bonito. Dizia ter encontrado a “pessoa certa”. Foi enorme a surpresa que tive ao conhecê-lo. Na realidade, ele não correspondia a nenhuma das características que ela lhe atribuiu, pelo contrário, era o oposto de tudo.

O amor romântico não é apenas uma forma de amor, mas todo um conjunto psicológico — ideais, crenças, atitudes e expectativas. Essas idéias coexistem no inconsciente das pessoas e dominam seus comportamentos, determinando como devem sentir e reagir. Ele não é construído na relação com a pessoa real, e sim sobre a idealização que se faz dela. Mas a proposta é muito sedutora. Que remédio melhor para o nosso desamparo do que a sensação de nos completarmos na relação com o outro? A partir daí, surgem crenças equivocadas como: quem ama não sente tesão por mais ninguém; o amado deve ser a única fonte de interesse; todos devem encontrar um dia a “pessoa certa”. Mas por mais encantamento que cause num primeiro momento, ele se torna opressivo por se opor à nossa individualidade.

Assistimos a grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre o desejo de simbiose — se fechar na relação com o parceiro — e o desejo de liberdade. Mas quando alguém alcança um estágio de desenvolvimento pessoal em que descobre o prazer de estar sozinho, se dá conta de uma profunda mudança interna.

Preservar a própria individualidade passa a ser fundamental, e a idéia básica de fusão do amor romântico, em que os dois se tornam um só, deixa de ser atraente. Por enquanto, não há dúvida de que desejar viver relações de amor fora do modelo romântico pode ser frustrante. As pessoas são viciadas nesse tipo de amor e fica difícil encontrar parceiros que já tenham se libertado dele. Mas acredito ser apenas uma questão de tempo.

Bonnie Kreps, cineasta canadense que escreveu um livro sobre o tema, diz que deixar o hábito de “apaixonar-se loucamente” para a novidade de entrar num tipo de amor sem projeções e idealizações também tem sua própria excitação.

É a mesma sensação de utilizar novos músculos, que sempre tivemos, mas nunca usamos por causa de nosso modo de vida. No entanto, ao começar a utilizá-los podemos fazer com nosso corpo coisas que antes nunca conseguimos. Para ela, os músculos psicológicos também existem e devemos olhar através da camuflagem do mito do amor romântico a fim de encontrá-los – e, então, ver com o que se parecerá o amor quando mais pessoas começarem a flexioná-los.

E vocês, o que acham disso?

Ser bonzinho é foda!

Todo mundo sabe disso… ser bonzinho é foda… você faz tudo pela pessoa, por amor, é romântico, educado, prestativo… e a pessoa, do nada… cansa… cansa dessa coisa boa demais… ela quer aventura… e te deixa… pois é…

o texto abaixo é bem estilo “Marie Claire” ou “Nova” ou qualquer uma dessas nesse estilo… mas é até interessante, para homens e mulheres refletirem sobre o que realmente desejam (ou acham que desejam) num relacionamento:

Quer conquistar o homem dos seus sonhos? Então deixe de ser boazinha, afirma a autora americana Sherry Argov. Autora do livro “Por que os homens se casam com as manipuladoras” e do recém-lançado “Por que os homens amam as mulheres poderosas?”, ela acredita que as mulheres precisam ser mais assertivas quando o assunto é amor.- Parece que a maioria das mulheres perde a confiança e a auto-estima quando se apaixona. O medo de desagradar é tanto que ela faz todas as vontades do novo parceiro. O problema é que nenhum homem quer namorar uma mosca morta. Eles querem mulheres com vontade própria e que têm coragem de dizer o que querem e o que não gostam – afirma Sherry. Em entrevista ao site do GLOBO, ela revela algumas dicas disponíveis no novo livro.

Por que a conclusão que os homens querem uma mulher poderosa?

Todo homem quer uma companheira, uma mulher com quem poderá dividir coisas boas e ruins. Para isso, ela precisa ter personalidade e opinião própria. A mulher que é boazinha, agradável ou complacente demais acaba se tornando muito chata. As boazinhas acabam sendo confundidas com empregadas, secretárias, babás… Homens gostam de um desafio. Quem é excessivamente agradável não impõe respeito, e os homens querem casar com alguém que respeitam. A mulher tem que aprender a se colocar em primeiro lugar.


Quais as vantagens de se colocar em primeiro lugar?

Quem ouve este conselho logo pensa, “nossa, que mulher egoísta”. Nada disso. Quem se respeita, mostra ao outro que se ama e que não aceita desaforos sem dúvida passa a ser mais respeitada. O relacionamento acaba sendo mais satisfatório porque vira uma relação entre iguais. Além disso, os homens ficam intrigados com aquelas mulheres que têm coragem de dizer e fazer o que pensam e que não ficam medindo palavras o tempo todo.

Qual o seu conselho para as tímidas e as inseguras?

Mesmo quem é muito tímida ou tem pouca segurança perante os desafios pode mudar. O primeiro passo é não esquecer da sua essência. A timidez ou a insegurança são apenas uma faceta da sua personalidade. Depois, é necessário pensar nas suas prioridades. Você quer ser respeitada no amor? No trabalho? Então trate de superar este obstáculo.

Quais os maiores erros da mulher que reclama que faltam homens no mercado?

Acho que a maioria age como se um namoro ou um casamento fosse validar sua existência. Quem tem esta ânsia para casar geralmente precisa do relacionamento para se auto-afirmar. O pior é que não dá para esconder isto, os homens percebem este desejo na hora e saem correndo.

Por que as mulheres têm tanta dificuldade em ser assertivas?

Ainda somos muito julgadas quando mostramos que temos ambição e corremos atrás do nosso objetivo. Para um homem, isto não é mais do que a sua obrigação. Já a mulher ganha aqueles rótulos chatíssimos e passa a ser chamada de interesseira, difícil e por aí vai. Quem não quer ser rotulada acaba ficando quieta. O problema é que o silêncio pode fazer a mulher perder grandes oportunidades.


Você sempre se considerou uma mulher poderosa?

Sempre fui independente e nunca sonhei muito em casamento. É claro que sofri por amor e tive muitas desilusões, mas não tanto quanto minhas amigas que só pensavam em casar e ter filhos. Aprendi cedo que se um homem não me quer, eu também não quero estar com ele. Também não vejo a rejeição como algo ruim. Vejo como um sinal de que há algo melhor para mim logo ali na frente.

Amy Winehouse gosta de sofrer!

Os posts de hoje serão todos copiados porque tô sem vontade de escrever… enfim… é isso!

Quanto ao post em si… a Amy nao cansa, puta que pariu… já tá ela de novo com o Blake… ô paixão do caralho!

RIO – A cantora Amy Winehouse e seu ex-marido, o produtor Blake Fielder Civil, estariam juntos novamente, de acordo com o site “News of the world”. O casal teria se reencontrado nesta sexta-feira em um bar de Londres, depois de 14 meses separados.

“Amy estava planejando secretamente este encontro. Mas ela disse para todos que não queria ver Blake”, teria informado um amigo da cantora.

Ainda de acordo com o site, Amy e seu ex-marido teriam jantado e passado a noite juntos. Como a artista mantém dois seguranças em sua casa, o casal teria entrado pela janela dos fundos para ter mais privacidade.

“Os seguranças da casa receberam a ordem de proibirem a entrada de Blake na casa”, disse a fonte do “News of the world”. “Ele quer ficar com ela, é apaixonado por Amy, e está convencido de que eles devem ficar juntos”, completou.

Via “O Globo”

O lado brilhante da depressão

O título, extraído da revista Época, chama atenção. Como assim o lado brilhante da depressão? Confesso que não fiquei assim tão pasmo… não que tenha estado depressivo, mas percebo que sempre que estou triste, produzo mais, sinto mais… é como se estivesse aberto às coisas do mundo que não conseguia captar, é muito interessante. Os meus melhores textos são escritos em momentos de tristeza… li em algum lugar que esse tal lado brilhante seria nada mais que um mecanismo do cérebro para nos tirar da tristeza… quando mais precisamos de boas ideias, de novas sacadas, o cérebro vai e nos dá… é quase uma compensação… coitado… ele tá triste, não quer fazer mais nada da vida… então deixa o cara mais sensível, põe umas idéias super maneiras na cabeça dele… vamos ver o que ele faz com isso!

A reportagem (bem curta) segue abaixo:

Os cientistas americanos Paul Andrews e J. Anderson Thomson escreveram esta semana para a revista Scientific American explicando o artigo The bright side of being blue: Depression as an adaptation for analyzing complex problems (O lado brilhante de estar triste: Depressão como uma adaptação para analisar problemas complexos, em uma tradução livre), publicado recentemente por eles no periódico científico Psychological Review. Para Andrews e Thomson, a depressão não é uma desordem mental, mas uma adaptação que, apesar de dificultar em vários aspectos a vida das pessoas que se encontram nesse estado, também traz benefícios.

“Isso não quer dizer que a depressão não seja um problema”, escreveram os pesquisadores na Scientific American. “Pessoas depressivas têm problemas em realizar atividades diárias, não conseguem se concentrar em seus trabalhos, tendem a se isolar, são letárgicas, e muitas vezes perdem a capacidade de sentir prazer em atividade como comer e fazer sexo”.

Mas mesmo com todos esses problemas, Andrews e Thomson acreditam que exista algo útil sobre a depressão: depressivos, os cientistas afirmam, pensam mais intensamente em seus problemas; ficam meditando sobre esses problemas e têm dificuldade em pensar sobre qualquer outra coisa. Segundo Andrews e Thomson, diversos estudos mostram que esse tipo de pensamento pode ser altamente analítico. “[Pessoas em depressão] demoram-se em um problema complexo, dividindo-o em componentes menores, que são considerados um de cada vez”, afirmam. “Esse estilo de pensamento analítico pode ser bastante produtivo”.

Andrews e Thomson afirmam ter encontrado evidências de que pessoas que ficam mais deprimidas enquanto resolvem um problema complexo em um teste de inteligência tiram notas maiores no teste; pessoas em depressão também resolvem mais facilmente dilemas sociais. Para eles, a possibilidade de “ligar” um estado de depressão parece ser uma habilidade importante, não apenas uma desordem ou um acidente, que serve para resolver um problema social complexo.

E aí? O que você acha? Há realmente um lado brilhante da depressão, ou depressão é uma merda e ponto final?

E se ao invés de dinheiro, déssemos livros?

Me comovi com o relato de um rapaz (não sei se professor, jornalista ou seja lá o que for) que resolveu, ao invés de dar esmola às pessoas que o pediam no sinal, dar livros. Acho uma ideia louvável e pelo relato acredito que a ideia possa vingar. Li no site Nova Escola, a quem interessar, o relato:

“Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?” Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse – e conferiria as reações.

Para começar, acomodei 45 obras variadas – do clássico Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, ao infantil divertidíssimo Divina Albertina, da contemporânea Christine Davenier – em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.

Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca estudaram. Como 74% afirmam ter sido alfabetizados, não é exagero dizer que as vias públicas são um terreno fértil para a leitura. Notei até certa familiaridade com o tema. No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20 anos, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:

– Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler.

Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro – “Esse do castelo, que deve ser de mistério” – para presentear a mulher que o esperava na calçada.

Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:

– Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. Érico*, 9 anos, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:

– Sabe ler?, perguntei.

– Não…, disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:

– Sim. Sei, sim.

– Em que ano você está?

– Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.

Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil, levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.

Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro…

– Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.

Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém-completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria. “

Bem que poderia haver uma onda de doações de livros como esta, não acha? Vou propagar a ideia!

(O Brasil lê mal) Desabafo de um atual-futuro professor de português

Um amigo meu da Faculdade de Filosofia da UFRRJ postou no orkut um exercício que a professora de português dele passou. Não sei ainda o porquê dele ter postado, mas ao ler, confesso que não pude deixar de escrever sobre aquilo. Se alguém quiser saber a razão deste post, por favor, leia o texto abaixo, e logo depois a minha crítica a ele:

O Brasil lê mal

Claudio de Moura Castro

Afirmei nesta coluna que os cursos E (no Provão) podiam trazer grandes benefícios aos alunos. Alguns médicos enviaram e-mails protestando: como? Ser tratado por um médico formado em escola E? Ora, a coluna excluía taxativamente a medicina, ao dizer: “Na área médica ou em outras em que há questões de segurança envolvidas, que se exijam mínimos invioláveis”. Um punhadinho de doutos médicos não soube ler o texto. Se até na carreira mais elitizada de todas parece haver uma patologia no ato de ler, imagine-se no resto.Para diagnosticar tal enfermidade, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) buscou uma clínica de luxo, o Pisa. Trata-se de um sistema de testes de rendimento escolar organizado sob a bandeira dos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos ricos. A iniciativa trouxe resultados de incalculável valia.

Ao contrário dos testes convencionais, não se trata de professores decidindo o que os alunos devem saber. Os organizadores foram ao mundo real das sociedades modernas e perguntaram que conhecimentos lingüísticos seriam necessários para operar com êxito nas empresas e na vida. Portanto, os testes buscaram a competência em leitura que se usa no mundo real – é o que migra da escola para a prática.

Como o único outro país do Terceiro Mundo era o México, a dúvida era se seríamos os últimos ou os penúltimos. Melhor não podíamos esperar. Mas saber que carregamos a lanterninha é de interesse menor.

Foram prejudicados os países onde há muitos alunos com defasagem idade-série, como o Brasil, pois o teste toma alunos de 15 anos (na série em que estejam). Analisando apenas os estudantes sem atraso, nossos escores empatam com os da Rússia. Resultado horripilante para a Rússia, que já teve um dos melhores sistemas educativos do mundo.

Mas isso tudo é irrelevante. O que interessa saber é por que não aprendemos a ler corretamente. O Pisa mostra que os alunos brasileiros conseguem decifrar o texto e ter uma idéia geral sobre o que ele está dizendo. Daí para a frente, empacam.

Isso não seria uma grande surpresa, diante da realidade das nossas escolas públicas, ainda esmagadas por problemas angustiantes no seu funcionamento básico. Mas poderíamos esperar que nossas escolas de elite fizessem uma bela apresentação. Afinal, operam com os melhores professores, os melhores alunos e sem problemas econômicos prementes.

Contudo, o nível de leitura de nossas elites é, ao mesmo tempo, o resultado mais trágico e o que mais esperanças traz. Saímo-nos mal, muito mal. A proporção de brasileiros de elite capazes de compreensão perfeita dos textos escritos é muito pequena, comparada com a taxa de outros países (1%, em vez dos 6% da Coréia e dos 13% dos EUA).

Ou seja, nossa incapacidade de decifrar um texto escrito não se deve à pobreza, mas a um erro sistêmico. Estamos ensinando sistematicamente errado. Se é assim, passar a ensinar certo deve trazer incontáveis benefícios para a educação e para a sociedade. E não pode ser tão difícil assim.

Parece haver uma estratégia errada no ensino da leitura. Os alunos se contentam com uma compreensão superficial do texto. Satisfeitos, passam a divagar sobre o que pensam, sobre o que o autor poderia estar pensando, sobre o que evoca o texto. Mas isso tudo ocorre, antes de acabarem de processar cognitivamente o texto, de decifrá-lo segundo os códigos rígidos da sintaxe. Dispara a imaginação, trava-se a cognição. Lemos como poetas e não como cientistas. Mas antes da hora de ler poesia, após o jantar, há que ler contratos, cartas comerciais, bulas de remédio, instruções de serviço, manuais, análises da sociedade e dos políticos e por aí afora.

A revolução possível na competência em leitura de nossa gente nos permitiria galgar outro patamar de desenvolvimento. E isso pode ser feito a custo praticamente nulo. É só querer. Na Europa, o Pisa provoca um feroz debate. Nas terras tupiniquins, só a notícia do último lugar conseguiu chegar à imprensa. A tônica foi criticar o governo, em vez de entender ou tirar lições.

Claudio de Moura Castro é economista (claudiomc@attglobal.net)

Revista Veja – 06/04/2002

Perguntas:

  1. Qual é o assunto tratado no texto?
  2. O autor usa diversos termos da área da Medicina (doutos médicos, patologia, enfermidade etc). Qual significado, de um modo geral, essas palavras assumem no texto lido?
  3. Qual a diferença do PISA para outros testes (como os aplicados nas salas de aula)?
  4. O que o PISA identificou na leitura dos alunos?
  5. Fazer um pequeno resumo, comentando criticamente o tema abordado no texto.

Irônico, não é?! Eu, particularmente, ri. Mas foi gradual, juro! O texto não é ruim, atenta para um fato importante que é a da leitura superficial… eu chamo de leitura “skimada”… (To skim = to read or consider something quickly in order to understand the main points, without studying it in detail).
Achei muito interessante o fato do problema de leitura não estar atrelado às questões sócio-econômicas, mas os últimos 2 parágrafos foram criando em mim um certo riso frouxo, culminando numa gargalhada. Explico:
Qual o problema das divagações? Desde que bem orientadas, acredito serem extremamente válidas e necessárias. A escola sempre agiu como censora da criatividade, tolhendo a imaginação dos alunos, homogeneizando-os.
O que seria o “processar cognitivamente o texto”? Divagações não ocorrem de forma cognitiva? Fazemos suposições acerca do texto mas para que isso ocorra não há cognição?
E “os códigos rígidos da sintaxe”? (confesso que já aí comecei a rir) que rigidez é essa da sintaxe que me permite dizer que “vou NA casa” ao invés de “ir à casa”? Que rigidez é essa que faz com que cada vez mais as gramáticas se distanciem do uso real da língua? (se é que em algum dia elas já foram próximas!)
Se lêssemos como poetas, como afirma o autor, não teríamos os problemas que temos hoje. Imagine vários Drummonds, Manueis Bandeira, Cecílias Meirelles… será que eles, poetas, não sabiam ler?
É certo que os alunos precisam ser expostos a diferentes gêneros textuais, tanto na leitura, quanto na escrita. É certo que o professor deve incitar no aluno a leitura crítica, mas para isso devemos abolir a criatividade, as ideias diferentes, a visão do aluno? Acredito que não.
Mas ao terminar de ler, entendi o porquê do meu riso… ora, quem fala sobre como os professores de português deveriam atuar é um economista! E a indicação da Revista Veja só aumentou a minha felicidade irônica.
Pra fechar com chave de ouro, nada melhor do que um exercício que culmina por corroborar a ideia do autor, isto é, perguntas superficiais para leitores superficiais.

E você? O que acha?

Musculos artificiais mais fortes que o aço, mais flexíveis que a borracha, será possível?

Não demora nada para vermos super soldados combatendo daqui a uns 10, 15 anos. A nanoteconologia está crescendo de forma exponencial!

Eis o que diz a INFO:

Músculos mais fortes que aço, mais flexíveis que borracha e tão leves quanto o ar. Não, não estamos descrevendo os poderes de nenhum herói dos quadrinhos.
O pesquisador Ray Baughman e seu time criaram um material que de fato tem essas propriedades e poderá ser usados para fazer membros artificiais para seres humanos no futuro, além de ser usados em capas inteligentes, robôs ultra-resistentes, entre outras aplicações – use a imaginação.

Segundo John Madden, da University of British Columbia, que observou os experimentos, o músculo criado pelos colegas se comporta como diamante em um sentido, mas também como borracha, no outro.

O princípio por trás do efeito é o de que os nanotubos de carbono tendem a se repelir ou se atrair mediante uma carga elétrica, dependendo da sua configuração.

Enquanto o músculo humano se contrai a uma taxa máxima de 10% por segundo, os seus nanotubos se contraem a 40.000% por segundo.

Jade Barbosa faz promoção de camisas para bancar tratamento no punho

É realmente chocante, mas a ginasta olímpica Jade Barbosa está vendendo camisas para poder pagar os exames e tratamentos que tem feito. É um verdadeiro desrespeito com os atletas. É tudo muito bom nas Olimpíadas, no Pan, nos Mundiais… aplaudimos, vibramos… depois esquecemos… eita povinho o nosso!

Segue a matéria extraída de O Globo:

Com uma séria lesão no punho direito, a ginasta Jade Barbosa decidiu fazer uma promoção de camisas para arrecadar fundos para o tratamento. A campanha tem destaque no site oficial da atleta .

“A pedidos estamos lançando uma campanha para arrecadar fundos para ajudar Jade em seu tratamento. As camisetas de Pequim estão em promoção para esta campanha. Entre na loja virtual e faça seu pedido”, diz a mensagem.

O preço da camiseta com um desenho de Jade é R$ 25. O pai César Barbosa, em entrevista ao portal Uol, contou que o único rendimento dela é o salário do Flamengo, mas o clube não oferece ajuda médica.

– Os exames e ressonâncias ela faz pelo convênio médico particular que fiz para ela. Agora, consultas, remédios, tudo isso sai do nosso bolso. É muito caro. Gastamos mais de R$ 600 por mês só em medicamentos – contou César.

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?, A DECEPÇÃO DO ANO – Por Marcelo Janot

Navegando pelo mundo da internet acabei me deparando com uma crítica muito interessante em relação ao filme Quem quer ser um milionário?. Já o vi no cinema e gostei um bocado, mas não achei tudo aquilo que andam dizendo por aí e tampouco acho que deveria ter ganho 8 oscares.

Engraçado que o Oscar deste ano foi povoado por filmes-biografia. A começar com as reais  histórias de Harvey Milk, num belíssimo filme, e de Nixon no filme Frost/Nixon, que relata os bastidores da entrevista que Richard Nixon concedeu logo após o caso Watergate. Há também O Curioso Caso de Benjamin Button e Quem quer ser um milionário? que de alguma forma também contam a história da vida de seus protagonistas.

Sem mais delongas, segue abaixo a crítica feita por Marcelo Janot em seu blog. Concordo com todas as suas idéias:

É difícil dizer em que aspecto “Quem quer ser um milionário?” é mais falho: como drama de forte cunho social ou como fábula romântica. São quase dois filmes distintos misturados no mesmo saco de gatos para agradar a gregos, troianos e votantes da Academia de Hollywood. Se analisarmos pelo lado do drama social, o que se percebe é um olhar deslumbrado sobre a miséria do terceiro mundo. Para nós, brasileiros, não é nenhuma novidade ver crianças sendo exploradas para pedir esmolas, catando comida em depósitos de lixo para sobreviver, cometendo pequenos golpes contra turistas e até mesmo pegando precocemente em armas – um fetiche já devidamente explorado por Fernando Meirelles em “Cidade de Deus”. Mas o inglês Danny Boyle não só reitera o que Meirelles já havia mostrado – com direito a perseguição frenética na favela, tal qual o início do filme brasileiro -, como vai além, mostrando, de forma superficial, desde os conflitos étnico-religiosos ao desenvolvimento urbano de Bombaim, a bordo de um roteiro que se pretende engenhoso, mas é cheio de clichês e simplificações.

Explicar cada resposta certa no quiz televisivo com flashbacks que mostram a trajetória de vida de Jamal é uma fórmula interessante, mas esquemática demais para se sustentar ao longo das duas horas de projeção. Boyle quer chamar a atenção para as maldades feitas pelos exploradores da miséria infantil, mas permite que o protagonista do seu filme, já como uma celebridade televisiva, aceite ser torturado na delegacia e no dia seguinte desperdice a oportunidade de denunciar os maus-tratos em rede nacional. E como imaginar um novo herói da nação saindo da emissora de TV anônimo e curtindo sua fossa sentado no chão da estação de trem, sem ser incomodado? Esses e outros equívocos não conseguem ser justificados pelo segundo filme que há dentro de “Quem quer ser um milionário?”: a fábula amorosa envolvendo Jamal e Latika. Só mesmo no reino do faz de conta e no cinema de B(H)ollywood somos levados a crer na forma que se dão os encontros e desencontros dos dois, um amor tão puro e irreal que nas cenas em que aparece com uma cicatriz tão bem desenhadinha no rosto, Latika parece a miss Índia numa propaganda de cosméticos.

Tirando a obsessão pelos coliformes fecais (lembram da cena em que Ewan McGregor mergulha numa latrina em “Trainspotting”?), Danny Boyle parece ter se tornado um outro cineasta, que nem de longe faz lembrar o diretor promissor e ousado de seus primeiros filmes. Depois de uma seqüência de realizações decepcionantes em Hollywood, ele parece ter mirado o populoso mercado indiano e, graças à globalização, ampliou seu mercado. Boa música, belas imagens e muita sacarose acabaram bastando para que os cada vez menos exigentes público, crítica e Academia se deliciem com este insosso curry inglês.

E você? O que achou do filme?

A diferença entre dirigir a si mesmo e ser dirigido por outro diretor é a mesma diferença que existe entre se masturbar e fazer amor. – Warren Beatty

Será? Eu acredito que não. Somente uma mulher… ou um homem (vai saber) muito passivos para realmente deixarem outra pessoa dirigindo única e exclusivamente o ato de amor.

Eu diria que se dirigir a si mesmo é como se masturbar, fazer amor, talvez fosse como  escrever o roteiro e dar (com trocadilho, se quiser) para alguém dirigi-lo. Diretor sem roteiro, não faz filme, e vice-versa.

E você, o que acha?


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